Preliminarmente
gostaria de me desculpar pela ausência... Já se vão longos meses desde minha
última publicação... Parando pra pensar, é fácil perceber que... A correria do
dia-a-dia muitas vezes nos priva do essencial... Mas o que é o essencial? Já
dizia Antoine de Saint-Exupéry que o essencial é invisível aos olhos... Em
outras palavras, o essencial são muitas vezes as pequenas coisas do dia-a-dia
que raramente damos atenção... Não está em nada material, em nenhum bem de
consumo, mas sim naquela companhia agradável, naquele almoço em família,
naquele sorvete em uma tarde de domingo, naquele abraço apertado, naquela
lágrima de reconciliação, naquele sorriso infantil, em um por de sol e em tantos
pequenos exemplos que estão cheios da presença de Deus e, devido à correria,
muitas vezes não percebemos...
Da mesma
forma que nos pequenos exemplos citados, é possível perceber a presença de Deus
na música... Música e Deus possuem uma intimidade única, visto que ela pode ser
uma das mais belas expressões intrínsecas do ser humano, quando esta relação é
regida pelo coração.
Como assim?
Sabe qual é a diferença entre a sequência de acordes C#m, A, E, e B tocadas e
muito bem executadas por um músico secular em um show qualquer e os mesmos
acordes proferidos pelas mãos de um músico cristão, que está em profundo estado
de unção, em um momento de adoração, por exemplo? O sentimento! A capacidade de
rezar enquanto toca, vem do coração. Mas isto só ocorre quando instrumento,
mãos humanas e Deus se tornam um só, de forma que a música não será tocada, e
sim sentida, externada de forma que o instrumento musical passa a ser um
complemento do corpo.
Nos tempos
em que eu dava aula de música, costumava dizer que “enquanto você apenas tocar
muito bem uma música, ela não passará de uma harmonia que possa vir a causar
admiração. No entanto, a partir do momento que você passar a sentir a música,
ela fluirá de suas mãos em uma união de unção única...".
É isso que
tento fazer quando, por exemplo, faço a harmonia de fundo para as pregações do
Padre Fábio de Melo em seus shows aqui em Minas Gerais. A função de um músico
de Deus vai muito além de simplesmente tocar, é preciso sentir, entrar em
sintonia com a unção presente em cada palavra, fazendo com que haja Deus em
cada nota, em cada acorde executado.
Tocar com o
coração é o segredo para tocar corações. Esta deve ser a função de um músico
que profere a palavra através de seu dom, seja em um show, missa, grupo de
oração ou em qualquer outro momento onde Deus se faça presente.
De nada
adianta saber todas as escalas existentes, bem como toda complexidade do
potencial harmônico dos instrumentos, se ali não houver a regência do coração,
pois somente assim Deus estará presente verdadeiramente em qualquer som
produzido por instrumentos musicais.
A beleza de
Deus se expressa em um músico através da arte expressa pelo coração e muitas
vezes externar isso é o desejo Dele para nós, que temos este potencial
intrínseco. A correria do dia-a-dia, bem como a própria correria dos eventos,
muitas vezes nos impedem de dialogar com nosso próprio coração e, dessa forma,
externar verdadeiramente Deus a partir de nossa música. Não deixe que isto
ocorra, pois do contrário, você apenas estará tocando, e em nada
diferenciar-se-á de um músico secular que, em muitas vezes, pode, inclusive,
ter técnica superior. Ouso a dizer que toda técnica do mundo é dispensável,
pois uma simples sequência de C, Am, F e G pode colaborar para operar milagres
em vidas, se os referidos acordes forem proferidos com o coração.
Dessa forma,
amigo leitor, encerro dizendo que todas estas palavras podem ser resumidas em
uma simples expressão: “Não apenas toque uma música qualquer e sim externe-a
através da presença de Deus em seu coração”.
Aquele
abraço e, como de costume nos velhos tempos, estou aberto a qualquer assunto
que queira conversar. Fique com Deus e, de quebra, não se esqueça de tocar com
o coração!
Frederico Rodrigues - arranjador e tecladista Pe. Fábio de Melo
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